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Os conteúdos psíquicos e os bastidores do templo

Da série inicial de vinte e um artigos:

- Texto 12 -

Que teus pés caminhem, que tuas mãos sirvam e que teu coração seja brandura, candura e amor.[1]
Carlos Chagas.

Cada intenção tece a paisagem astral. Imagem do Cantinho dos Anciãos gerada por I.A
Cada intenção tece a paisagem astral. Imagem do Cantinho dos Anciãos gerada por I.A

Os ideais de caridade e fraternidade estão para a alma humana como uma escadaria sublime que tem como meta a Grande Luz. Quando nos envolvemos nos mistérios da ascensão espiritual pela simplicidade e pelo amor, encaramos a vida de outra maneira, com mais leveza, entusiasmo, e isso colabora para que não desanimemos desse propósito maior. Quando os aprendizes de Jesus se agrupam, longe de se visualizar uma massa disforme de intenções[2], vemos formar-se uma projeção geometricamente organizada de movimentação dos fluidos etéricos, organizando, em múltiplas cores e tons, um veículo para o divino em si mesmos e para toda a comunidade de espíritos, sejam encarnados ou desencarnados.

Imaginemos algumas pessoas reunidas no salão de uma igreja católica romana para ouvir as preleções e a missa, refletir sobre os ensinamentos e rezar pedindo ajuda. Se olharmos a poucos metros acima desse coletivo, será possível perceber, pela clarividência, a formação de um conteúdo psíquico esbranquiçado, uma nuvem de intenções mescladas ao éter. Os irmãos espirituais e seres da natureza, quando recebem essa massa mental, a direcionam a partir de determinadas formas, tornando-as mais potentes e vivas. Esse material abençoado geralmente é organizado a partir de uma geometria sagrada, a qual revela um símbolo próprio para se ler o propósito e se projetar o percurso que aquela matéria etérica irá tomar. Cada bom pensamento conta e enriquece essa arquitetura mental.

O espectro de frequência das cores – em uma analogia – nos possibilita entender um tanto mais a questão da importância da unidade no pensamento, mesmo com algumas ressalvas. Cada tonalidade de cor aponta para uma diversidade gigantesca de possibilidades nos pensamentos, palavras e ações, ainda assim, o quadro geral se torna muito mais belo e rico de variedades do que uma produção monocromática. De modo semelhante também acontece na dinâmica interna dos pensamentos, em suas possibilidades de entendimento e abordagem sobre um determinado tema, pois elabora-se um quadro geral coloridamente harmônico. Tomemos o seguinte exemplo: na disposição de tarefeiros para cada setor em específico, num centro de atendimento espiritual, se verá que uns terão facilidade no exercício do diálogo fraterno; outros, deterão compreensões justas para a área das palestras públicas; outros tantos, conquistarão um bom repertório de conhecimentos e práticas para os tratamentos espirituais ou passes magnéticos. Desta forma, cada um desses departamentos, começa a compor um quadro maior de frequências, podendo se tornar extremamente harmonioso em seu conteúdo essencial. Uma belíssima arquitetura mental e espiritual resulta disso. Quando se alia isso às intenções e frentes de trabalho no mundo dos desencarnados, então é onde contemplamos algo ainda mais extraordinário acontecer. Um genuíno quadro interdimensional de ações do bem.

Poderíamos dizer que essa paisagem tem um conteúdo fixo e outro intermitente, levando em consideração que o que é visto pelos médiuns está atrelado ao coeficiente geral de pensamentos dos frequentadores e trabalhadores, em alguns casos. Por isso que alguns médiuns se referem a certos dias de tratamento como sendo “mais fortes” ou com “uma energia muito boa”, em comparação com outros dias “comuns” de atividade. Cada dia de serviço é uma equação diferente para manifestar esse fluxo astral, que é uma formação básica com pequenas oscilações na harmonia de suas formas.

A cada ação coletiva, uma nova expressão dos pensamentos e emoções agregados. Essas composições artísticas do mundo espiritual configuram uma paisagem sintética, uma média geral da energia da casa, a qual, por sua vez, também caminha na direção de outra síntese ainda maior, porque se junta ao fluxo das colônias, santuários e cidadelas que possam estar interligadas a ela. Digamos que cada retrato itinerante se torna parte de um grande quebra-cabeças. Agora, fica simples ver como cada pintura emocional-espiritual do coletivo faz parte de um sistema ainda mais elaborado. E dizemos assim porque, para a montagem de um cenário tão vasto no jogo da existência, é necessário saber onde colocar cada peça, isto é, perceber o saldo geral das intenções naquele dia de ação, para só então colocá-las em seus devidos lugares e compará-las com as estruturas fixas da arquitetura do templo, na intenção de perceber a sua parte perene.

Cada pensamento, cada projeção, cada sensação e emoção importa para o sucesso das iniciativas sagradas de equilíbrio moral para o coletivo. Tomemos o exemplo do irmão espiritual André Luiz, quando o agrupamento em que ele fazia parte se reuniu na câmara cristalina para encontrar o Mestre Asclépio. Após o exercício do campo mental na formulação da paisagem psíquica, que acontece de forma simultânea nas regiões astrais, foi possível contemplar a figura excelsa em sua luminosidade, sabedoria e amor. A isso deu-se o prosseguimento do acontecimento posterior: a conexão com a direção superior do santuário onde estavam.

Ilustração da materialização do Mestre Asclépio, emergindo da paisagem mental coletiva para ofertar as luzes do conhecimento e do amor. Imagem do Cantinho dos Anciãos gerada por I.A.
Ilustração da materialização do Mestre Asclépio, emergindo da paisagem mental coletiva para ofertar as luzes do conhecimento e do amor. Imagem do Cantinho dos Anciãos gerada por I.A.

Esse exercício de mentalização descrito ricamente pelo espírito André Luiz talvez seja, em modelos narrativos, uma das mais elaboradas descrições a respeito de como se pode utilizar esse instrumento valioso – a mente – para o desenvolvimento de nossa consciência para o bem. Jerônimo, André, Semprônia, Raimundo e Luciana, estavam reunidos em um salão iluminado dentro do Santuário da Benção, e, sendo informados pelo instrutor Cornélio a respeito de uma visita programada por um dos instrutores espirituais da humanidade, são convocados a desprenderem suas melhores formas mentais para a composição de uma paisagem a ser construída em um gabinete com uma peça de cristal que receberá todas as impressões, coagulando-as em formas de paisagem, e isto se torna a ponte para a manifestação mais densa desse emissário. Logo após as primeiras tentativas, tornando linda a paisagem coletiva, o diretor que os recebia, Cornélio, alerta para que tudo fique perfeito, fazendo com que todos retornem à formatação ainda mais apurada do quadro. Ao final, a turma é presenteada com a visita do Mestre Asclépio, um dos mentores da humanidade, que se “materializa” e expõe grandes ensinamentos. A experiência é considerada tão extraordinária para André Luiz, que chega a escrever que as palavras dele, advindas das esferas superiores, das regiões do Amor Fraterno Universal (Frigéri, 2001),

“caia-nos n’alma de modo intraduzível e acordava-nos o espírito eterno para a infinita glória de Deus e da Vida Imortal. Não conseguiria descrever o que se passava em mim próprio. Jamais escutara alguém com aquele misterioso e fascinante poder magnético de fixação dos ensinamentos de que se fizera emissário” (2001, p. 30).

Invariavelmente, esta percepção mais aguçada a respeito de si e do Todo, moverá os corações para além, conduzindo-nos de forma voluntária a uma expansão de consciência. Por isso, quando houver desavenças, intrigas, confusões ou toda sorte de mal-entendidos durante as atividades de caridade moral, não devemos esquecer da qualidade dessa projeção energética maior, que certamente será registrada nos parâmetros do tempo e do espaço. Que este alerta sirva de bússola para que, em meio ao turbilhão, a nossa intenção individual permaneça alinhada com o propósito coletivo, resguardando o ambiente das sombras transitórias que tentam se instalar. Afinal, o pensamento elabora-se na matéria-prima sutil que, a cada dia, reforça ou fragiliza os pilares invisíveis da egrégora, sendo a real fundação sobre a qual se assenta a segurança e a potência da ação superior. Adiante, trataremos um pouco sobre as estruturas astrais que são mais fixas na composição da Casa dos Espíritos, considerando o endereço anterior e o atual.


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Raul César

Equipe Cantinho dos Anciãos


Notas:


[1] Mensagem psicofônica recebida pelo grupo em 2023.

[2] Neste caso, é quando acontece o atrofiamento dos mais nobres ideais pelo acúmulo coletivo e individual dos vícios mais vis como a maledicência, a inveja e o melindre, e, assim, o trabalho se torna uma massa disforme e confusa, o que geralmente resulta na dissolução completa de qualquer iniciativa nobre, não sem mágoas e melindres mútuos entre seus operadores.


Referências:


FRIGÉRI, Mário. As sete esferas da Terra: estudo dos multiplanos do planeta, à luz do espiritismo e do Apocalipse. 2° ed. Rio de Janeiro: Federação Espírita Brasileira, 2001


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