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Um santuário da Mãe Santíssima

Da série inicial de vinte e um artigos:

- Texto 18 -

 

“[...] um leproso, depois de aliviado em suas chagas, lhe osculou as mãos, reconhecidamente murmurando: ‘Senhora, sois a mãe de nosso Mestre e nossa Mãe Santíssima!”[1]

Humberto de Campos

 

A pureza do quartzo e a força da fé: o Santuário da Mãe na Casa dos Espíritos. Imagem do Cantinho dos Anciãos gerada por I.A.
A pureza do quartzo e a força da fé: o Santuário da Mãe na Casa dos Espíritos. Imagem do Cantinho dos Anciãos gerada por I.A.

Certos confrades espiritualistas postulam que algumas organizações do plano material como centros espíritas, prontos socorros espirituais e casas de caridade, estabelecem uma relação direta com campos e dimensões da realidade astral, frequentemente associadas a frentes amplas de trabalho junto a colônias espirituais inteiras, e esse raciocínio faz muito sentido sob a ótica da interexistência das dimensões e planos. Além das estruturas conhecidas de amparo aos sofredores, com os postos avançados nas regiões mais densas do plano astral, poderíamos elencar outras em zonas intermediárias: as colônias de passagem, as cidadelas, os templos, as formações elementais de tratamento junto à natureza, os espaços temporários e imprevistos de prestação de socorro; tudo constitui um lugar construído, por maior ou menor tempo, para o abrigo do bem e para a ancoragem de energias que a densidade da crosta terrestre muitas vezes não suportaria sem esses filtros intermediários.

No sentido de melhor ilustrar essa questão, tomemos o exemplo do desencarne do irmão espiritual Jacob, quando relata sua passagem por campos intermediários de tratamento junto à natureza antes da ida para ver os familiares e amigos que tinham ficado encarnados. Chega a dizer o benfeitor que foi conduzido a uma praia pela equipe espiritual comandada pelo Doutor Bezerra de Menezes o qual, por sua vez, explicou o quanto o contato direto com a natureza pode fazer muito bem para os que acabam de fazer a passagem e ainda carregam consigo os resíduos da vitalidade física. Disse o médico dos pobres a ele que “virações marítimas serão portadoras de grande bem ao reajustamento geral” (Xavier, p. 42, 1988). Além de percebermos a importância crucial das águas do mar, com suas substâncias químicas, seus cristais de sal, e toda a composição de limpeza que elas podem trazer nos dois planos da vida — pois ajuda no recolhimento e encaminhamento das energias de desequilíbrio ou desespero, como vimos em capítulo anterior — assim também podemos ver o quanto os campos de auxílio intermediários podem ser amplos e diversos, funcionando como verdadeiras estações de purificação fluídica, interligadas por uma grande rede do bem que sustenta o equilíbrio planetário.

As colônias espirituais de tratamento, recuperação ou reeducação são formações mentais de seus partícipes, são elaborações intencionais sacralizadas em Luz e Amor. Os pensamentos de cuidado aos outros, a vontade de educar a nós mesmos, de espalhar boas novas, de exercer a caridade, vão formando verdadeiros espaços de interação fluídica, que é a somatória de todos os pensamentos, verdadeiros organizadores da matéria astral, dando forma às organizações do mundo espiritual[2]. Essa arquitetura do pensamento não é meramente decorativa, mas funcional: cada coluna, fonte ou jardim nessas cidades atende a uma necessidade de sustentação vibratória. Gradualmente, chega um determinado ponto em que essas elucubrações espirituais tomam um corpo complexo de formação, apresentando-se em mútuo acordo com seus agentes de formação. Tudo isso é feito a partir dos elementos que estão presentes na natureza, no caso, os mais apropriados à ideia, e isso se aplica tanto para o bem quanto para o mal. Em outras palavras, para um bom pensamento, um bom fluido; para um mal, um correspondente. Por essa lei de correspondência vibratória, esse raciocínio pode se aplicar às regiões mais complexas do astral inferior da Terra no processo de surgimento das estruturas dos umbrais, por exemplo, que também são faixas vibracionais em movimento, estabelecendo-se como espaço devido à invenção conjunta de seus cocriadores, cristalizando ambientes de dor conforme a sintonia dos que ali habitam.

Os espaços de Luz, quando gestados no íntimo de corações perseverantes, podem chegar num ponto em que se tornam parcialmente separados dos pensantes que lhe geraram, apresentando-se como uma ambientação independente de seus cocriadores. Vale ressaltar que isso ocorre até mesmo com as construções de colônias espirituais, como foi o caso da colônia Nosso Lar, a qual foi pensada inicialmente por portugueses que vieram para o Brasil, mas que se estendeu para muito além das personalidades que a conceberam. Esse desenlace, apesar de nunca se concretizar por completo até que haja um desapego amoroso e completo dos seres com esta construção, permite que a estrutura se torne autossustentável, tornando-se cada vez mais sutil na medida em que outros seres passam a assumir a posição de formadores e alimentadores dessas estruturas, perpetuando o legado de luz através das eras.

Como foi dito anteriormente, na crosta terrestre há muitos outros lugares onde são realizadas tarefas por parte da espiritualidade superior; são como salões, santuários, pontos de apoio, bases de ação e resgate. Um desses locais, tendo em conta a variação do que corresponde à crosta de nosso planeta, é um pequeno santuário de Amor e Luz da Mãe Maria, o qual está ligado à Casa dos Espíritos. Localizado em uma região próxima ao Umbral, atuando como um farol de misericórdia em meio à névoa, possui uma entrada superior. Para aportar lá, se é conduzido por um canal de luz, como um tubo de branco-amarelado, feito de um tipo de matéria específica que lembra a transparência e a beleza de um quartzo fumê quando atravessado pela luz solar. Este condutor não apenas transporta, mas sintoniza o espírito para a frequência do recinto sagrado. Esse santuário é muito simples e, ao mesmo tempo, de uma beleza que transcende a forma. A pouca iluminação que se tem na gruta, composta por parcos feixes de luminosidade branca que atravessam suavemente de um lado ao outro, ressaltava a radiação de cor azul presente nas rochas ígneas. Esta mineralogia astral assemelhava-se a basaltos negros, profundos e silenciosos, que absorviam o excesso de carga emocional dos visitantes.

Ao centro daquela gruta abençoada, o chão rochoso detinha uma coloração levemente mais clara, em formato circular, onde a energia parecia emanar de baixo para cima. Após a primeira concentração, pudemos ver um fluxo energético ainda mais bonito, mas ainda bem suave. Quando assim contemplamos, pedimos humildemente para que fosse mostrado o propósito deste local. Após alguns minutos em preces, algo curioso aconteceu: um leve som, calmo e lirial, como se o próprio ar cantasse, se fez no ambiente. Percebemos que, mais à frente, no feixe de luz que agora se posicionava na direção do centro, via-se novamente uma torre de basalto, belíssima, com um altar e uma imagem logo acima. Era realmente um oratório da Mãe, cravado com um círculo de cristais brancos e azuis ao redor, que eram semelhantes aos cristais de água-marinha[3] mais puros. A luz desses cristais não apenas iluminava, mas parecia lavar o perispírito, removendo as crostas do cansaço.

Aquela imagem muito comoveria uma pessoa de fé. Era um momento de reflexão e silêncio absoluto, onde o tempo parecia não mais existir. Era um encontro mais profundo com o trabalho da Mãe Santíssima, por isso, tudo deveria ser com muito amor e respeito. Nessa hora, baixamos a cabeça e, como sinal de devoção, juntamos as mãos em prece, rogando à Nossa Senhora que amparasse toda a humanidade neste período de transição e dor. Uma sintonia suave, como um abraço manso e acolhedor de muitas mães em uma só, inundou o ambiente, fazendo-nos ir às lágrimas de gratidão. Não era um pranto de tristeza, mas de alívio espiritual. Assim entendemos que esse espaço é um dos santuários ligados ao socorro de quem precise se reconectar com a energia da maternidade espiritual que ampara a todos nós. Nos surgiu, assim, a certeza inabalável de que a mentora dos trabalhos no templo Casa dos Espíritos era, portanto, a Mãe Maria, cuja égide de amor sustenta cada tijolo fluídico daquele Pronto Socorro Espiritual.


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Raul César

Equipe Cantinho dos Anciãos


Notas:


[1] De acordo com o espírito Humberto de Campos, em seu magnífico livro, Boa Nova (1997, p. 160), após a passagem do mestre para o Plano Maior, o discípulo João, como filho amado que foi entregue a Maria e vice-versa, ajudava na propagação do evangelho pelo exemplo, enquanto ela, mãe do Mestre, chegou a fundar, no próprio santuário doméstico - localizado na cidade de Éfeso, na antiga Turquia - um espaço para cura e tratamento das pessoas. Certo dia, após um leproso ter recebido a cura e ter voltado para agradecer dizendo estas palavras para ela, o local passou a ficar conhecido como “Casa da Santíssima”. Reunidos outros tantos elementos detalhados a esse respeito, temos no belo e profundo artigo de (Silva, 2024), intitulado “O Ensinamento do Acolhimento pela Rosa Mística de Nazaré - Maria, A Mãe Santíssima”, publicado no site “Cantinho dos Anciãos”.

[2] Ver capítulo II, sobre os conteúdos fluídicos e os bastidores do Templo.

[3] De acordo com a astróloga e médium Judy Hall, a Água-Marinha, cristal da família dos berilos, tende a ter um efeito calmante, reduzindo o estresse e aquietando a mente. “Ela harmoniza o ambiente ao seu redor e protege contra poluentes. Nos tempos antigos, acreditava-se que a Água-marinha combatia a força das trevas e obtinha favores dos espíritos da luz.” (2008, p. 67). " marcando com negrito, destaque suas sugestões em um texto que não pode ser menor que esse, mas que tenha mais detalhes, informações, explorando pontos, sem reduzi-lo e mantendo o estilo de escrita do autor.


Referências:


HALL, Judy. A bíblia dos cristais: o guia definitivo dos cristais. São Paulo: Pensamento, 2008.

SILVA, Ruan Fernandes da. O Ensinamento do Acolhimento pela Rosa Mística de Nazaré - Maria, A Mãe Santíssima. 2024. Disponível em: < https://www.cantinho-dos-anciaos.com.br/post/o-ensinamento-do-acolhimento-pela-rosa-m%C3%ADstica-de-nazar%C3%A9-maria-a-m%C3%A3e-sant%C3%ADssima>. Acesso em 27 nov 2024.

XAVIER, Francisco Cândido. Boa Nova. 22° ed. Rio de Janeiro: FEB, 1997.



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