O antigo endereço e a expansão da luz
- Raul César

- 30 de nov.
- 10 min de leitura
Da série inicial de vinte e um artigos:
- Texto 13 -
Deus é como um sol criador, cada um de nós é como uma centelha dessa fonte.[1]
Auta de Souza.

Nos pacatos anos iniciais do terceiro milênio, alguns homens e mulheres “desconhecidos” uns dos outros, com boa vontade e desejo sincero de renovação pela caridade, se dispuseram ao serviço espiritual. Inicialmente, esse templo, momentaneamente erguido no Bairro do Alecrim, em Natal, foi tomando proporções maiores em quantitativo de voluntários e pacientes. A ideia inicial proposta pelos amigos era um espaço amplo, aberto a uma compreensão mais universal da caridade, sem muitas barreiras religiosas. Foi assim que o nome “Casa dos Espíritos” surgiu. Um projeto antigo estava retomando a sua forma no mundo material. As expectativas eram muitas. Anseios de renovação e amparo, dedicação e esforço foram multiplicados. O suor do esforço foi elemento essencial para que esse projeto pudesse se firmar.
Na medida em que os encarnados se mobilizavam para fortalecer o bem, sabemos que, no extrafísico, muita coisa aconteceu para o mesmo fim. O contato dos instrutores, guardiões e com os mestres da Luz era um intercâmbio ininterrupto, aliado aos ouvidos atentos, por parte dos encarnados que buscavam amparar e cuidar, para passar as instruções, mas também para acolher as lamentações, queixas e zombarias dos irmãos espirituais que ainda viviam no sofrimento ou na revolta. Muitos voluntários passaram pela pirâmide incandescente da Ribeira. Dizemos assim porque essa era a arquitetura astral da Casa quando estava no endereço da rua 15 de novembro.
Naquele lugar, muito ainda estava por acontecer.
Há um certo episódio contado pelo nosso irmão Cantanhede à respeito da transição que estava em vias de acontecer. Certa noite, enquanto todos se integravam, pelo serviço, a um magnetismo salutar, uma sensação de profunda paz invadiu a sala. Todos podiam sentir a brandura na atmosfera local, como um afago de sorriso materno a envolver a todos. São aqueles momentos especiais aonde somos convidados a recordar a nossa origem cósmica, na fonte da água viva da Luz. É aquele instante sublime de encantamento com as informações do astral.
Naquela noite, algo de especial estava para acontecer. Adentrou no astral do templo um ser de grande amor, uma mensageira da Mãe Amantíssima, a qual aproximou-se lentamente do agrupamento. Uma forte emoção foi sentida em cada um que estava presente. Ela orientou aos amigos encarnados quanto ao muito a se fazer e, após as devidas palavras de instrução, fez um gesto com uma das mãos, para desvelar uma nova etapa que tão logo chegaria à materialidade. Em sua destra, uma chave, aquele símbolo de renovação que elevaria o pronto socorro espiritual à uma nova empreitada na busca da iluminação coletiva.
Aproximou-se de Cantanhede como a elevar a cerimônia sagrada aos auspícios de santas amizades, para colocar em suas vistas a escolha pelo porvir. O espírito consciente dele acenou com bondade àquele gesto amoroso de escolha, pediu licença aos irmãos espirituais, e convidou o irmão Nilo a receber o símbolo mágico de transformação moral e esforço coletivo. Apesar da apreensão inicial, o irmão recebeu com alegria a tarefa coletiva que lhe competia zelar dali em diante.

Um portal de luz cifrado em uma chave, um sinal dos céus e um gesto de misericórdia divina. Vamos ver, mais à frente, pelo desenrolar dos acontecimentos, a gestação de uma nova etapa começar.
Teria sido esse um dos eventos marcantes para apreciarmos a extensão da misericórdia divina, mas, para isso, teríamos que ter um aparato consciencial muito elaborado para entendermos quais conjunções poderiam estar nos bastidores de todos esses acontecimentos, o que somente poderemos fazer com integralidade quando retornarmos à pátria espiritual.
Nem por isso, no entanto, deixaremos de narrar uma outra experiência curiosa que é complementar a essa e que aconteceu na Casa quando ainda estávamos todos no endereço da Ribeira. Vamos ao caso: em uma determinada noite[1], em projeção astral, Maria Clara Vilela[2], irmã espiritual, nos mostrou uma espécie de mapa vivo, uma cartografia com paisagens mentais e energéticas de determinados bairros da cidade do Natal. Passávamos o olhar por algumas regiões mais brandas, atravessando por zonas neutras, onde a energia geopática não se assemelhava à luz nem às sombras, mas pairava como uma onda mediana de coisas simples e ordinárias. O que nos chamou a atenção foi que, mais além, a amiga espiritual nos mostrou o bairro da Ribeira. Assim que dedicamos o olhar atento, entendemos a razão das explicações que dava. Um local com muita tralha mental, acúmulos de energia mórbida, sujeira e poluição astral. Ver o mapa da cidade e comparar com algumas ruas da Ribeira era como olhar para o corpo de uma pessoa aparentemente saudável e ver um conjunto de pequenos ferimentos nela. A instrutora atentou para certas casas do bairro que fomentavam aquela atmosfera: casas de festas, prostituição e outras voltadas ao fomento das drogas lícitas e ilícitas, isso se dá também devido aos produtos que chegavam e saiam das embarcações no porto próximo. Eram como fontes, esses ambientes, de onde jorravam mais lamaçal sobre aquela região. Outros bairros de Natal tinham suas próprias características, com pontos luminosos e obscuros também, os quais não detalharemos aqui.

Certos locais, devido a saturação energética que podem ser de origem antrópica ou não, passam a recriar, todavia, novas formações mentais de mesma configuração. É como uma forma-pensamento coletiva que se renova constantemente em contornos de maior alcance. O bairro em questão parecia se enquadrar nesses termos, até pela coloração que era vista na cartografia que estava sendo exposta. A pirâmide astral da Casa dos Espíritos auxiliava, junto as igrejas e certas casas onde famílias realizavam o Evangelho no Lar, no bairro, a purificar essas energias.
Após um tempo, atestamos o quanto um pronto socorro espiritual era necessário nesse local. Passados alguns anos desse episódio do mapa, aconteceu uma cena curiosa na região. Quase em frente a Paróquia do Bom Jesus das Dores, na Praça José da Penha, no bairro em questão, um grupo de irmãos voluntários de um projeto social que trabalha prestando assistência aos irmãos em situação de rua, aportou no local para dialogar com uma pessoa que dormia sobre um papelão, no chão da praça. Logo após a primeira abordagem ao irmão, via-se, no astral, dois irmãos espirituais, seres ligados a ele a muitos séculos, promovendo uma sequência de constrangimentos ao atendido. Quando a equipe da Luz conseguiu envolver o encarnado e se apresentou aos dois obsessores, eles, que geralmente fogem para as zonas que os guardam, somente se renderam e disseram:
— Já chega, não dá mais. Vamos, sigam adiante com o que vocês vieram fazer.
Quando ouvimos essas palavras, é claro que imaginamos não estar lhe dando com a verdade, mas, tão logo percebendo que não estavam a mentir, entendemos que realmente estavam se rendendo à Luz do Mestre. Era como se fosse um cansaço extremo, aliado a um certo tédio e arrependimento. Como se, por hora, não tivessem escolhas.
Quando pedimos orientação aos amigos mais experientes sobre o acontecido, foi dito que o grande guarda-chuva que abrigava os que tentam se esconder na escuridão da noite já não existe mais. Para onde esses seres iriam correr? Tudo estava às claras agora. Se as estruturas todas do Umbral estão sendo retiradas uma a uma, então a tarefa de manutenção do bem seguiria o seu curso para novos rumos. Depreendemos que o astral desse bairro histórico também estava sofrendo grandes alterações para o aprimoramento de seu quociente energético. Certamente o PSE Casa dos Espíritos foi um foco de luz que encaminhou muitas das energias dessa região. No astral, a grande pirâmide luminosa erguida no quarteirão da Rua 15 de Novembro era como um farol de luz aceso em meio a muitas coisas confusas em derredor.
Na medida em que as purificações vão acontecendo, o curso das responsabilidades nos projetos do bem também vai se expandindo e renovando os alicerces para outros locais. As tarefas do bem são infinitas. Uma vez erguido um templo da Luz, se a chama brilhar intensamente, nunca se apagará, apenas se reconfigurará com o passar dos anos ou dos séculos.
Essa capacidade de reconfiguração dos templos da Luz é intrínseca à sua natureza e essencial para a continuidade do bem. Diante das transformações e do avanço natural dos projetos divinos, a pirâmide não desapareceu, mas adaptou sua funcionalidade. Assim, embora o antigo endereço material tenha sido deixado para trás, a estrutura luminosa do serviço permaneceu ativa no plano espiritual, assumindo, contudo, novas dinâmicas de atuação.
A pirâmide do antigo endereço continua erguida no mundo espiritual, porém, com um trabalho diferente. Quando a casa material lá estava, o fluxo do serviço era intercambiado, o ritmo material inferia no espiritual e vice-versa. Agora, como o serviço continua somente nos planos mais sutis, o ritmo e as funcionalidades são outras. Quando se operaram as mudanças, também se reconfigurou um campo inteiro de trabalho, onde a transferência da atmosfera fluídico-material da casa passou a ser interrompida parcialmente, devido às modificações da rotina de funcionamento, considerando que, de segunda à domingo, uma rotina intensa foi sintetizada a um trabalho semanal de mentalizações e tratamentos à distância, como foi o caso dos tratamentos espirituais na Casa durante a pandemia.
Esse processo foi extremamente desafiador. O fluxo de tratamentos e encaminhamentos ainda foi um pouco suavizado com atividades virtuais de evangelhos no lar e palestras onlines, ainda assim, só começou a fluir melhor com o retorno gradativo dos trabalhos presenciais, que somente aconteceu no novo endereço. Assim, os elos astrais de socorro e amparo foram transmutados e integrados à nova sede, mudando-se a abordagem, as perspectivas e até as práticas, isto é, apoiando-se sobre uma nova estrutura, mais expansiva e, de certa forma, contígua à anterior.
A Casa mudou de endereço.
A cada passo, uma nova perspectiva sobre o caminho. Esse percurso de renovação foi a contemplação firme de uma nova abertura emocional aos tarefeiros, que, por dedicação e simplicidade, seguem adiante no desenrolar das atividades anteriores.
Tudo diz respeito à continuação do trajeto elaborado pelas vias do ideal nobre de servir a humanidade. A lei de Causa e Efeito, antes mesmo de ser entendida como um processo cármico onde alguém pode sentir as consequências naturais do que tenha cometido nesta ou noutra existência corporal, é uma manifestação clara de que tudo na vida é um caminho, é um continuum, é o movimento do equilíbrio, onde, a cada passo firme no chão, vemos uma movimentação a apoiar o corpo para mais adiante. A nova Casa foi erguida com um conjunto arquitetônico novo, ampliando os espaços para a prática da fraternidade e do amor.
Mas, e como a Casa poderia ser vista no plano astral?
Com relação ao detalhamento da arquitetura do antigo endereço, poderemos ver, logo acima do telhado da casa material, uma pirâmide de base quadrangular, suspensa no ar. Havia uma escadaria ampla e ladrilhada em tons pratas estruturada em uma de suas faces, a qual era virada para o estuário do Rio Potengi, como se o galgar da condução das energias transformassem a água da base e chama luminosa em seu topo. O portal que auria-se da força das águas detinha uma câmara ampla, logo a entrada, ao final da escadaria. A arquitetura interna era deslumbrante. Leves ecos das sinfonias de vida eram ouvidos à entrada. A pureza e a organização eram marcantes. Quando permitidos, os trabalhadores levados à entrada, sentiam uma sensação de contentamento e paz indescritíveis. Uma luz branca belíssima brilhava intensamente em seu vértice superior.

As pirâmides, de maneira geral, são excelentes canalizadores de energias, o que revelava o curso intensivo de propagação energética no local. Muitos eram os fluxos magnéticos no ambiente, vindos até mesmo de outros mundos.
Em uma certa ocasião, a irmã Amásia, em desdobramento, pôde contemplar a estrutura astral do antigo endereço. Caminhou por alguns corredores e salas, logo sendo convidada a se aproximar da base da estrutura piramidal, e assim o fez. A camada do corpo emocional de uma alma, uma vez tendo acesso consciente a experiências como essa, tende a sentir um impacto profundo, o que cria algum receio com o que se possa sentir ao presenciar certos eventos. E qual não foi a surpresa dela, quando, posta diante da escadaria, foi chamada a subir alguns degraus. Seres, apresentando-se ao saírem da parte interna do salão, se aproximaram, bondosos. Eram muito altos e o aspecto era sereno e fraterno. Eles sorriam fraternalmente para ela que, ao ser impactada com a circunstância de ser convidada a entrar no salão, não sustentou a impressão que a situação a causava, retornando para o corpo e acordando de supetão. Apesar disso, ainda ouviu a irmã eles apresentarem-se como sendo um grupo de orientadores do templo, vindos da região de Arcturos[3], verdadeiros irmãos da Luz. Seres de grande conhecimento e pureza de coração.
A jornada da Casa através do antigo endereço na Ribeira, com suas provações e alegrias no plano material e astral é um pequena expressão da incansável dedicação dos obreiros do bem, sejam encarnados ou desencarnados. Das purificações coletivas aos encontros com seres de outras esferas, como os irmãos de Arcturos, cada etapa revela a complexidade e a profundidade do serviço à Luz. Este percurso de constante renovação e adaptação ilustra a verdade de que, embora os espaços físicos se transformem, o propósito maior permanece e pode sempre se expandir.
As sementes que foram lançadas pela espiritualidade no antigo endereço germinaram e atualmente florescem em um novo tempo e espaço. É essa nova era de expansão que nos convida a falar um pouco, no próximo capítulo, a respeito da arquitetura astral e material que hoje abriga a "Casa dos Espíritos", revelando como a Luz se manifesta em um novo e promissor lar.
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Raul César
Equipe Cantinho dos Anciãos
Notas:
[1] Essa projeção aconteceu no ano de 2016.
[2] Médica espiritual, foi uma pediatra na cidade de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, em sua última encarnação.
[3] Seres que habitam algum ponto da constelação de Arcturos. Segundo vasta literatura, principalmente após as publicações de Norma Milanovich, Betty Rice e Cynthia Ploski com a obra We, the arcturians (1992) e outros escritores respeitáveis com suas belas narrativas e também deduções valiosas a respeito do contato com esses seres, temos a oportunidade de saber que eles fazem parte, voluntariamente, deste projeto de renovação de nosso planeta, de modo que suas orientações, em muitos casos – e até onde se sabe - não se circunscrevem ao ensino das virtudes, mas a de avançada ciência que se embasa na fraternidade universal, ou, na solidariedade entre os mundos.
[1] Mensagem psicofônica recebida pelo grupo em 2023.
Referências:
MILANOVICH, Norma; Ploski, CYNTHIA; Rice, BETTY. We, the arcturians. 1° ed. Atenas Publishing. 1990.




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