A reconstrução de um templo: temas, reflexões e vivências.
- Raul César

- 15 de ago.
- 5 min de leitura
Atualizado: 23 de ago.
Da série inicial de vinte e um artigos:
- Texto 01 -

Pedi e vos será dado; buscai e encontrareis; batei e será aberto para vós. Pois todo aquele que pede recebe, e aquele que busca encontra, e ao que bate será aberto.[1]
Movidos por um ideal de fraternidade e amor, um pequeno grupo de amigos começou a se reunir, unidos pelo desejo sincero de servir. A meta era clara: cultivar a caridade em suas mais variadas formas. Pouco a pouco, os delicados arranjos espirituais — aqueles que se tecem silenciosamente nos bastidores da vida — foram tomando forma, sustentados pelo esforço e dedicação de cada coração. Dessa confluência de vontades e propósitos, nasceu a visão de um espaço de acolhimento, onde todo aquele que buscasse amparo espiritual encontrasse luz e consolo. Assim, germinou a ideia da Casa dos Espíritos: um nome abrangente para um propósito simples e antigo.
No início, os desafios enfrentados e as forças empregadas para superá-los foram conduzindo-os até um pequeno espaço, localizado na Rua dos Caicós, conhecida como Avenida 7, no bairro do Alecrim, local onde permaneceram durante cerca de três anos. Após isso, o grupo seguiu para um endereço na Avenida Princesa Isabel, no bairro da Cidade Alta, por lá ficando cerca de oito anos. Assim, novamente, após um período, mudaram de endereço, indo para a Rua 15 de Novembro, no bairro da Ribeira, onde o grupo desenvolveu as atividades por mais de oito anos. Nestes espaços materialmente provisórios, acontecimentos dos mais variados ocorreram na Casa, alguns mais desafiadores, outros mais simples, todos, porém, para o crescimento espiritual e expansão do trabalho de amor e caridade.

Dentre as tantas experiências nesse período, uma em especial marcou de forma incisiva e contínua o grupo: o amor devotado dos irmãos espirituais em oferecer sempre um novo elemento de ajuda para o serviço com Jesus.
Em um certo momento, quando o grupo já estava a alguns anos no endereço da Ribeira, enquanto os tarefeiros que tomaram a iniciativa de fundar e manter a Casa seguiam no labor que lhes foi confiado, uma benfeitora espiritual, descida dos reinos da Mãe Maria de Nazaré se aproximou, com um pequeno objeto em suas mãos. Trazia, em suas delicadas mãos, chaves que traduziam a abertura de um luminoso portal. Um símbolo genuíno de incentivo ao trabalho que já estava sendo feito e que ainda iria ser realizado.
Um novo lar, uma nova fase na obra do Cristo para os trabalhadores. Uma pequena luz de esperança a ser acesa, como uma chama cintilante a crepitar em uma noite de louvor ao brilho das estrelas. Chaves espirituais foram entregues aos servidores encarnados, dois deles, que ficaram mais diretamente responsáveis em tomar a frente desta vivenda de paz, foram agraciados com a responsabilidade.[2]
Ali, o templo estava iniciando uma fase de transição até a sua nova graduação de trabalho. Tudo já estava sendo preparado nos bastidores com cautela e paciência, afinal, para todas as coisas temos que ter perseverança e humildade.
Assim, os grupos de dois em dois[3], como dizia o Mestre, passaram a ir pregando pelos gestos amorosos e diálogos simples, as palavras do Consolador Prometido pelo Cristo. Mais alguns anos transcorreram. Adiante, quando o evento preparado se concretizou, isto é, a casa se tornou material e a doação de um imóvel foi recebida com júbilo, num momento histórico complicado de pandemia global, mais do que nunca o trabalho da caridade precisaria falar mais alto.
E os trabalhadores não pararam, viram-se em projetos sociais e atividades voluntárias em muitas frentes, além dos tratamentos espirituais e dos evangelhos no lar a distância, que prosseguiram, enquanto o novo velho templo era erguido na sua estrutura material, não sem desafios e obstáculos.
Assim que nós, o grande grupo, reconhecemos a necessidade do retorno gradual ao trabalho, passada a onda primeira e mais severa do mensageiro invisível da COVID-19, começamos a perceber a luz da esperança clarear com mais força. As atividades tinham sido interrompidas no seu formato presencial, vindo a retornar na primeira semana de janeiro de 2023.
Voltamos à atividade aos poucos, de forma improvisada - e como foi fundamental isto. Como a emoção tomou conta dos corações, o entusiasmo de reconstruir o templo tornou-se parte de nossas vidas. Cada passe era como um banho de luz e de renovação das esperanças, cada boa palavra de reencontro com os amigos era como uma fonte de alegrias. Entulhos e metralhas do chão viraram verdadeiros cristais ladrilhando o cenário de amor fraternal durante os tratamentos. As paredes, com os visíveis tijolos ainda nem chapiscados, eram como revestimentos dos mais belos santuários da antiguidade. O telhado incompleto, parecia ser um portal onde o céu irradiava sua energia até o grande salão. Muitas vidas estavam entrelaçadas ali com um único objetivo: cuidar do próximo.
De maneira natural a obra foi prosseguindo, os ajustes materiais iniciais foram rapidamente acontecendo - não sem os devidos esforços de todos – e foram tomando concretude. O trabalho de atendimento às pessoas, a cada dia, ganhava mais força. Assim foi feito. Em cada prece coletiva, pétalas de paz, em cada tijolo erguido, uma assinatura da amizade e do amor. Em cada tratamento de desobsessão, uma palavra de conforto, em cada parede rebocada, uma dedicação de alguém. Assim, aliando o pó da construção civil e o pouco do fermento de leveda a massa toda[4], o novo velho templo ficou pronto por fora e seguirá sempre se aprimorando por dentro.


Para que possamos melhor situar o leitor amigo dos próximos capítulos, primeiro traremos alguns relatos em torno do que foi vivido pelo grupo durante o período das reformas materiais da casa, especificamente no intervalo onde se reiniciou o trabalho com os pacientes, o qual corresponde a 08 de janeiro de 2023 até 28 de novembro de 2024, instante onde foi anunciado pela direção da Casa o retorno oficial das atividades.
Unido a isto estarão pequenas reflexões com temas que consideramos indispensáveis para este período onde a Nova Era se apresenta para o planeta. Logo após, escreveremos a respeito da arquitetura espiritual da casa, considerando o que experienciamos mediunicamente e o que nos foi passado por relatos e visualizações que outros médiuns do grupo tiveram. Traremos algumas possíveis respostas à seguinte pergunta: como é o Pronto Socorro Espiritual Casa dos Espíritos na dimensão espiritual?
Além disso, refletiremos a respeito do propósito do endereço da casa anterior em relação a atual. Mais adiante abordaremos alguns pontos que envolveram os bastidores do mundo espiritual no templo. Depois disso, discorreremos sobre a importância do trabalho com a desobsessão. Finalizaremos estes humildes relatos e reflexões com uma pequena galeria de fotos das etapas que o nosso grupo passou até a consolidação da rotina no novo endereço.
Desta forma, convidamos o caro leitor a saber um pouco a respeito das experiências que passamos nestes momentos tão especiais para a reconstrução desse templo da Luz.
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Raul César
Equipe Cantinho dos Anciãos
Notas:
[1] Trecho extraído de Mateus (7:7-8) Dias (2016, p. 59).
[2] Trataremos com mais detalhes sobre esse episódio em capítulo posterior.
[3] Depois destas {coisas}, o Senhor designou outros setenta {e dois} e os enviou de dois {em dois}, perante a sua face, a toda cidade e lugar aonde ele estava prestes a ir. (Lucas, 10:1) (Dias, 2016, p. 306).
[4] Paulo aos Coríntios (5:6-8).
Referência:
DIAS, Haroldo Dutra. O Novo Testamento. 1° ed. Brasília: FEB, 2016.




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