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Os grandes médiuns brasileiros - mandamentos de Amor e Luz para os médiuns


Estudo 01 - parte 02 da Série de artigos para o Curso Mediúnico da Casa de Caridade Clara de Assis - CCCA


Na imagem: Em cima da esquerda para direita, Zélio Fernandinho de Moraes, Dr. Bezerra de Menezes; Francisco Cândido Xavier; Zilda Gama; no centro Yvonne Amaral e Adelaide Câmara, Aura Celes; em baixo, da esquerda para direita, Neiva Zelaya, Tia Neiva; imagem retratando a mediunidade de psicografia de Chico Xavier com o os espíritos; Divaldo Franco e na última foto, João Nunes Maia ao lado de Chico Xavier.
Na imagem: Em cima da esquerda para direita, Zélio Fernandinho de Moraes, Dr. Bezerra de Menezes; Francisco Cândido Xavier; Zilda Gama; no centro Yvonne Amaral e Adelaide Câmara, Aura Celes; em baixo, da esquerda para direita, Neiva Zelaya, Tia Neiva; imagem retratando a mediunidade de psicografia de Chico Xavier com o os espíritos; Divaldo Franco e na última foto, João Nunes Maia ao lado de Chico Xavier.

Orientações e ensinamentos para os médiuns, segundo os principais trabalhadores mediúnicos da seara do bem e do amor ao próximo.


1 - Bem perto de Nós:


Médiuns brasileiros que elevaram a prática mediúnica a excelência.

 

2. - Dr. Adolfo Bezerra de Menezes


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Orientações de Dr. Bezerra de Menezes sobre a mediunidade em mensagens psicografadas completas nos excertos das Cartas do Coração, Veredas de Luz ou Apelos Cristãos.


1. Mediunidade como serviço essencial à caridade:


Bezerra ressaltava que a mediunidade deve se manifestar como serviço ao próximo — consolação, esclarecimento, cura espiritual — sempre amparada na caridade cristã:



“Dar para receber. Ajudar para ser amparado. Esclarecer para conquistar a sabedoria...”

2.1. Educação emocional e discernimento mediúnico:


O médium deve aprender a distinguir suas próprias ideias daquelas dos Espíritos comunicantes, mantendo controle emocional e mental:


A mediunidade só se torna segura quando o médium consegue “discernir … as ideias que lhe são próprias e as que são oriundas dos Espíritos”.


2.2. Formação doutrinária e acompanhamento:


É fundamental estudar a doutrina espírita, participar de cursos teóricos e práticos, e ser acompanhado por médiuns experientes nos primeiros estágios do desenvolvimento mediúnico.


2.3. Compromisso pessoal com progresso espiritual:


A evolução do médium depende de vigilância contra imperfeições como egoísmo, vaidade, falta de estudo — e exige empenho contínuo em autorreforma, orações e prática da caridade.


2.4. Reunião mediúnica com seriedade e oração:


As sessões devem iniciar com invocação e reverência; a oração e a preparação mental são essenciais:


“Sem o recolhimento, só tereis comunicações levianas; os bons Espíritos só vão aonde os chamam com fervor e sinceridade”. Também ressaltava que após o trabalho mediúnico, a conclusão com prece silenciosa colabora com a harmonia vibratória.

2.5. Contenção emocional e caminho da renúncia:


O médium é chamado a desenvolver renúncia: abdicar de orgulho, preconceitos, hábitos prejudiciais — entregando-se ao serviço com simplicidade e desprendimento.


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2.6. União fraterna e respeito à caridade universal:


Não há médiuns “maiores” ou “menores”; todos devem atuar com humildade, em unidade e respeito aos princípios do Evangelho — caridade, fraternidade, sem buscar privilégios.


Bezerra de Menezes orientava que a mediunidade deve ser desenvolvida com humildade, estudo, oração, serviço desinteressado e responsabilidade moral. Ele via o médium como instrumento do Cristo para consolo, esclarecimento e fé, guiando sempre pela renúncia e pelo amor fraternal.

 


3 – Francisco Cândido Xavier


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 Ao longo de sua vida — por meio de entrevistas, cartas, conversas e, principalmente, pela prática diária — Chico deixou orientações valiosas sobre a mediunidade, tanto por suas atitudes quanto por suas palavras. Embora grande parte dos ensinamentos venha dos Espíritos (como Emmanuel, André Luiz, Meimei etc.), há orientações que foram claramente formuladas por ele mesmo, baseadas em sua experiência e humildade.


As principais orientações dadas por Chico Xavier aos médiuns, fundamentadas na sua vida e em seus escritos e relatos testemunhais:

 

3.1. Mediunidade é compromisso, não privilégio


“Mediunidade não é privilégio, é compromisso com Jesus e com a humanidade.”

Chico sempre repetia que a mediunidade é um instrumento de serviço ao próximo, e não uma forma de destaque ou benefício pessoal. É uma responsabilidade assumida antes da reencarnação, e exige fidelidade ao bem.

 

3.2. Exercício da mediunidade com humildade


“Se Allan Kardec tivesse escrito que a mediunidade sem humildade se perde, eu assinaria embaixo.”

A humildade foi a marca registrada de Chico. Ele reconhecia que o médium é instrumento, não fonte, e que se envaidecer com a mediunidade é um dos maiores perigos do caminho espiritual.

 

3.3. Disciplina constante


Chico seguia rigorosamente o conselho de Emmanuel:


“Disciplina, disciplina, disciplina.”

Ele mantinha horários, rotinas de leitura evangélica, preces e atendimento. Para ele, a mediunidade exige organização da vida, controle do tempo e compromisso com os deveres.

 

3.4. Evangelho no coração


“Sem Jesus, não há luz na mediunidade.”

Chico recomendava o estudo constante do Evangelho, principalmente O Evangelho Segundo o Espiritismo, como alimento moral indispensável. A prática mediúnica deve estar sempre conectada ao ideal cristão de amor, perdão e caridade.

 

3.5. Trabalho no bem como proteção espiritual


“A melhor maneira de nos defendermos das sombras é trabalhando na luz.”

Chico afirmava que o serviço no bem é a melhor defesa contra a obsessão e contra as perturbações espirituais. Ele alertava os médiuns para que saíssem da passividade e se engajassem em ações práticas de caridade.

 

3.6. Gratuidade e desapego material


“O que é de graça de Deus deve ser dado de graça aos outros.”

Chico nunca aceitou dinheiro por qualquer livro ou atendimento espiritual. Ele ensinava, pelo exemplo, que a mediunidade é um dom que deve ser exercido com total desprendimento financeiro e pessoal.

 

3.7. Sigilo e discrição


“Quem serve não aparece; quem aparece não serve.”

Chico era discreto. Ele evitava falar de fenômenos pessoais e não gostava de publicidade. Ensinava que a mediunidade deve ser exercida sem exibição, sem vaidade e sem escândalos.

 

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3.8. Estudo contínuo da Doutrina Espírita


Mesmo tendo pouco estudo formal, Chico foi um leitor incansável das obras de Kardec. Ele recomendava que os médiuns estudassem, refletissem e se educassem continuamente, para entender os mecanismos da mediunidade e evitar mistificações.

 

3.9. Aceitação das críticas e incompreensões


“A calúnia é o tributo que a inveja paga ao mérito.”

Chico sofreu muitas críticas, ofensas e humilhações. Ele ensinava os médiuns a não revidarem, não se justificarem e confiarem em Deus, suportando as dificuldades com paciência e fé.

 

3.10. Vigilância sobre os próprios pensamentos


“O pensamento é nossa verdadeira casa mental.”

Chico alertava sobre a importância de cultivar bons pensamentos, pois os Espíritos com os quais nos conectamos são atraídos pela qualidade do nosso campo mental e emocional.

 

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3.11. Prática da caridade constante


“A caridade é o idioma universal do bem.”


Para Chico, a mediunidade sem caridade é como uma lâmpada sem luz. Ele dedicava suas horas ao atendimento de cartas, visitas a doentes, auxílio a necessitados, sempre dizendo que “médium precisa amar servindo”.

 

3.12. Evitar o sensacionalismo e a curiosidade vazia


Chico condenava a mediunidade usada para adivinhações, futilidades ou exibicionismo. Ele dizia que a curiosidade desorientada pode abrir campo para mistificações e obsessões espirituais.

 

Essas orientações não são apenas ensinamentos teóricos: Chico Xavier viveu cada uma delas com integridade e entrega pessoal, tornando-se um modelo de médium cristão e fiel ao Espiritismo.



 4 - Divaldo Pereira Franco

 

Divaldo Pereira Franco em 2010
Divaldo Pereira Franco em 2010

Orientações baseadas em suas obras e palestras, especialmente o livro Diretrizes de Segurança, escrito, juntamente, com o médium José Raul Teixeira:


1. Estudo da Doutrina Espírita e vínculo com centro


Divaldo enfatiza que o médium precisa estudar profundamente a Doutrina Espírita e atuar vinculado a um centro espírita, para receber suporte, disciplina e evitar desvios, individualismo ou exploração indevida da mediunidade. O trabalho em equipe é condição de segurança e equilíbrio.

"Tio Divaldo" como era chamado acolheu e adotou mais de 700 crianças na Mansão do Caminho.
"Tio Divaldo" como era chamado acolheu e adotou mais de 700 crianças na Mansão do Caminho.

2. Caridade e serviço sem ostentação


A mediunidade curadora, por exemplo, deve ser usada como expressão de misericórdia e amor ao próximo — sem prometer curas milagrosas, sem uso de instrumentos médicos e sem remuneração, evitando o curandeirismo e riscos legais.



3. Responsabilidade e disciplina pessoal


O médium é constantemente testado pela mediunidade. Deve manter vida equilibrada, calibrada moralmente, renunciar ao ego, evitar vaidade, orgulhos ou autoengano e cumprir o encargo mediúnico com humildade e fidelidade.


Divaldo Franco na Mansão do caminho acolhendo crianças desde 1950
Divaldo Franco na Mansão do caminho acolhendo crianças desde 1950

4. Perseverança e clareza espiritual


Divaldo destaca que a mediunidade deve ser tratada como missão, não como privilégio. É caminho de sacrifício, trabalho silencioso, paciência, e persistência — evitando exaltação do ego, sensacionalismo ou exibicionismo.


Divaldo Franco orienta que o médium deve atuar com estudo sólido, disciplina, ética e trabalho coletivo






5. Yvonne do Amaral Pereira


Yvonne do Amaral Pereira
Yvonne do Amaral Pereira

Yvonne do Amaral Pereira (1900–1984) foi uma respeitada médium espírita brasileira, autora de diversos livros psicografados, destacando-se por sua atuação na desobsessão e no receituário mediúnico homeopático. Desde a infância, teve experiências espirituais marcantes, incluindo episódios de catalepsia e visões de vidas passadas. Criada em família espírita, começou cedo a estudar a doutrina e a frequentar sessões mediúnicas. Com pouca escolaridade formal, foi autodidata e leitora ávida. Sua mediunidade era ampla, envolvendo psicografia, psicofonia e efeitos físicos. Atuou em várias cidades e manteve postura independente dentro do movimento espírita. Também foi uma esperantista ativa.


Orientava uma mediunidade centrada na consciência, no estudo sério, na liberdade interior, no respeito à condição individual de cada médium e na prática contínua da caridade.


5.1. Desenvolvimento sem pressão, com preparo moral e mental:


Yvonne ensinava que o melhor caminho para desenvolver mediunidade é não buscar precipitação, mas sim preparar-se com estudo, caridade e equilíbrio interno. A faculdade deve surgir de forma natural e espontânea, não forçada ou condicionada por terceiros.

Em sessões de testes, até seis meses de observação prática é recomendado conforme Allan Kardec, para evitar autossugestão ou animismo. Se nada emergir no período, é preferível encerrar os testes para proteger a integridade do médium.


5.2. Independência mediúnica e fidelidade à “Igreja do Alto”:


Yvonne mantinha uma postura de grande autonomia: recusava qualquer imposição burocrática por casas espíritas, exercendo sua mediunidade segundo os valores da codificação kardecista e sob a orientação direta dos Espíritos Superiores, sem vínculo institucional rígido.

Atendia a qualquer pessoa que procurasse ajuda, em qualquer dia ou hora, guiada pela caridade e independência moral.


5.3. Discernimento entre mediunidade autêntica e animismo:


Ela alertava sobre os riscos do animismo e da sugestionabilidade, enfatizando que médiuns devem ser claros mentalmente e evitar influências exteriores que distorçam a comunicação espiritual.

Autossugestão, pressão de dirigentes ou imaturidade emocional podem levar a manifestações falsas ou perigosas.


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5.4. Busca constante pelo autoconhecimento e equilíbrio emocional:


Uma das orientações centrais era o cultivo da disciplina emocional e mental, vigilância contra vaidade, orgulho ou emoções conflitantes. Yvonne lia profundamente a Doutrina e aplicava rigor pessoal em seu comportamento espiritual.

A mediunidade, segundo ela, exige desenvolvimento interior contínuo e caráter fortalecido.



5.5. Uso da mediunidade como instrumento de caridade e alívio espiritual:


Destacava que o verdadeiro médium é aquele que exerce a mediunidade servindo ao próximo, atuando na assistência, desobsessão, receituário e passe, sempre com amor e humildade — não para exibição.

Ensinava que atos de caridade libertam tanto os sofredores espirituais quanto os sofredores encarnados, e que a mediunidade, por si só, não vale nada sem serviço prático e ética.


5.6. Cuidado com obsessões e atuação gradual:


Em situações de obsessão ou mediunidade não estabilizada, Yvonne recomendava pausas e tratamento ao médium antes de prosseguir com o trabalho mediúnico. Forçar desenvolvimento nessas condições pode abrir caminho para agravamentos espirituais ou físicos.

Fazia revisão cautelosa da condição do médium em grupo, enfatizando passes como preparo inicial seguro para sensibilização fluídica, sem requerer incorporação ou pressão.


6. Zilda Gama


Zilda Gama, nascida em 1878, foi uma notável médium e educadora brasileira, autora de diversas obras psicografadas e didáticas. Após ficar órfã aos 24 anos, assumiu responsabilidades familiares e destacou-se como professora e escritora. Em 1912, recebeu uma mensagem mediúnica de Allan Kardec, mesmo sem conhecer o Espiritismo, fato marcante que antecede a atuação de Chico Xavier. Psicografou romances espirituais, especialmente com o Espírito Victor Hugo, e colaborou ativamente com a imprensa e a educação mineira. Defensora dos direitos femininos, participou de congressos e escreveu sobre o voto da mulher. Mesmo após um derrame, manteve-se firme na fé espírita. Sua dedicação fez dela um marco da mediunidade no Brasil.


Zilda Gama
Zilda Gama

Os ensinamentos de Zilda Gama, conforme revelados pela espiritualidade, delineiam um ideal de mediunidade pautado na coragem, responsabilidade, entrega altruísta e exemplaridade moral.


“Diário dos Invisíveis” ou nos romances psicografados por Victor Hugo


6.1. Consciência da missão e responsabilidade espiritual


Zilda relatou que, em 1912, recebeu uma comunicação de Allan Kardec, na qual ele lhe avisou:


“Sobre tua fronte está suspenso um raio luminoso... será a tua glória ou tua condenação — conforme o desempenho que deres aos teus encargos psíquicos. Cinge-te de coragem, fé, benevolência; cumpre sem desfalecimento, e sem deslizes, todos os teus deveres sociais e divinos, e conseguirás ser triunfante.”

Essa orientação deixou bem claro que a mediunidade traz uma tarefa nobre e exige postura firme e ética.


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6.2. Coragem, fé e benevolência


A mensagem de Kardec enfatiza que o médium deve cultivar a coragem para enfrentar desafios, a fé como sustentação e a benevolência como expressão da caridade. Tudo isso com firmeza, sem deslizes morais, mantendo sempre equilíbrio.


6.3. Paciência, humildade e dedicação silenciosa


Zilda Gama foi reconhecida por psicografar obras importantes — a primeira delas, Diário dos Invisíveis com mensagens de Allan Kardec, seguida por romances espirituais ditados por Victor Hugo. Sua trajetória foi marcada por trabalho perseverante, paciência diante dos obstáculos, dedicação pessoal e fidelidade ao serviço mediúnico, mesmo em meio a profunda responsabilidade familiar e social.


6.4. Estabilidade emocional e moral


Até receber orientação dos Espíritos Superiores, Zilda vivenciou sofrimentos domésticos e viagens difíceis, mas manteve sua conduta equilibrada. Isso sugere que a mediunidade deve ser praticada com estabilidade emocional e integridade moral, sem ser usada como fuga ou recurso compensatório.


6.5. Serviço altruísta através da literatura espiritual


Por meio de sua mediunidade, Zilda produziu vasta literatura psicografada acolhedora e consoladora — romances, revelações espirituais e ensinamentos — com o propósito de encaminhar outras pessoas ao consolo, à reflexão e ao progresso moral. A mensagem deles reflete a orientação de usar a mediunidade sempre a serviço do bem e da transformação.



7. Neiva Zelaya, a Tia Neiva – Primeira caminhoneira do Brasil e Fundadora do Vale do Amanhecer e hoje possui mais de 250 mil seguidores no Brasil


Neiva Chaves Zelaya nasceu em 30 de outubro de 1925, na cidade de Propriá, em Sergipe, e entrou para a história como a primeira mulher a transportar cargas em caminhão no Brasil — um feito reconhecido por diversas fontes e historiadores. Aos 18 anos, Neiva casou-se com Raul Alonso, com quem teve quatro filhos: Gilberto, Carmem Lúcia, Raul Oscar e Vera Lúcia.


No entanto, a vida lhe impôs um grande desafio: ficou viúva aos 24 anos, apenas quatro anos após o casamento. Diante da perda do marido e com quatro filhos pequenos para criar, Neiva não se deixou abater. Morando na cidade de Ceres, em Goiás, ela buscou meios de sustentar sua família. Em 1957, deu início à sua jornada empreendedora com uma modesta loja de artigos fotográficos. Pouco tempo depois, tomou uma decisão ousada para a época: comprou um caminhão e passou a trabalhar com fretes rodoviários por todo o Brasil — sempre acompanhada pelos filhos. Foi nesse período que se estabeleceu definitivamente em Goiânia. Antes de seguir pelas estradas, Neiva também atuou como repórter de jornal, mostrando sua versatilidade. Mais tarde, foi cativada pela grandiosidade do projeto de construção da nova capital do país. Mudou-se com os filhos para o Núcleo Bandeirante, local onde nasceram os primeiros traços de Brasília. Durante cerca de três anos, Neiva viveu intensamente a profissão de caminhoneira, rompendo barreiras e pavimentando, com coragem e determinação, o caminho para muitas mulheres brasileiras.

 

Orientações de Tia Neiva dirigidas aos médiuns do Vale do Amanhecer:


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7.1. Conduta mediúnica e separação de papéis


Tia Neiva ensinava que ao passar pelo "portão do Vale" o indivíduo deixava de ser “cidadão” e se tornava “médium”. Dentro do templo, médiuns devem se abster de tratar de negócios pessoais, relacionamentos, futebol ou empréstimos. Deve atuar exclusivamente como médium, sem misturar a alma profana com a espiritualidade.


7.2. Abstinência ao álcool e respeito ao compromisso doutrinário


Os médiuns são obrigados a manter abstinência de álcool e de participação ativa em outras religiões ou doutrinas, mesmo fora do Vale. É condição essencial para atuar na "Ordem Espiritualista Cristã do Vale do Amanhecer".


7.3. Respeito, caridade e humildade


Os médiuns devem atuar com amor, tolerância e não julgamento, respeitando as pessoas como são. A prática da caridade, o acolhimento sem críticas e a tolerância irrestrita são atitudes amplamente enfatizadas por Tia Neiva.


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7.4. Conduta doutrinária impecável


Era exigido comportamento íntegro em todos os momentos: honestidade plena, postura reverente e equilíbrio moral. Mesmo atitudes discretas são observadas, segundo ela: “por mais escondido que esteja, sua sombra poderá ser vista”.


7.5. Estudo doutrinário e responsabilidade espiritual


Médiuns de hierarquia mais elevada, como os Adjuntos de Povos ou Doutrinadores, deviam conhecer profundamente as Linhas do Amanhecer, seus rituais e ensinamentos para orientar suas equipes, questionamentos e conduzir os trabalhos com segurança.


7.6. Missão ética e evolução pessoal


O médium deve desenvolver sua mediunidade como ferramenta para ajudar a si mesmo e aos irmãos, assumindo responsabilidade pessoal pelas suas escolhas. A prática do bem, o perdão e o auxílio são vistos como caminho de evolução espiritual.


7.7. Simplicidade e ambiente iniciático


Era recomendada vestimenta e apresentação discretas, condizentes com o caráter iniciático do local. Tia Neiva destacou a importância de manter o templo livre de roupas informais, como shorts ou vestuário inadequado, preservando a energia do espaço.


As orientações, transmitidas por Tia Neiva, estruturaram uma doutrina mediúnica centrada na ética, na responsabilidade, no amor fraterno e na disciplina iniciática, cujo objetivo maior é produzir equilíbrio espiritual e evolução pessoal.


8. Zélio Fernandinho de Moraes


Zélio Fernandinho de Moraes
Zélio Fernandinho de Moraes

Zélio Fernandino de Moraes (1891–1975), nascido em São Gonçalo (RJ), é considerado o anunciador da Umbanda no Brasil. Aos 17 anos, após curar-se de uma paralisia inexplicável, participou de uma sessão na Federação Espírita do Estado do Rio de Janeiro, onde incorporou o Caboclo das Sete Encruzilhadas. Essa entidade anunciou a fundação de um novo culto, que deu origem à Umbanda, com a criação da Tenda Espírita Nossa Senhora da Piedade. Guiado por essa entidade, Zélio fundou outras sete tendas pelo país. Mais tarde, passou a direção da tenda original às filhas e criou a Cabana de Pai Antônio. Sua trajetória é reconhecida, embora também alvo de críticas quanto ao papel central atribuído a ele na história da Umbanda.


8.1. Preparação espiritual dos médiuns


Era recomendada a realização de banhos de ervas e o ritual do “amaci” (lavagem de cabeça - ritual de purificação e fortalecimento espiritual praticado na Umbanda, onde ervas são maceradas e utilizadas para lavar a cabeça do médium, visando limpar energias negativas e abrir caminhos para a conexão com os Orixás e guias espirituais), visando afinar a sintonia vibratória com os guias espirituais:


“A preparação dos médiuns era feita através de banhos de ervas que afinizam a ligação com a vibração dos seus guias”



8.2. Mediunidade como missão, não profissão


Zélio jamais fez da mediunidade sua ocupação profissional. Aceitar doações era proibido — seu guia determinou que sempre rejeitasse presentes ou recompensas monetárias:


“Nunca aceitou ajuda monetária de ninguém … ‘Não os aceite. Devolva-os!’ ordenava sempre o caboclo”

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8.3. Princípios fundamentais da Umbanda


Zélio afirmava que Umbanda é expressão do amor, caridade e igualdade, com base no Evangelho de Cristo e no respeito às manifestações espirituais brasileiras — caboclos, pretos-velhos, crianças:




“A Umbanda … manifestação do espírito para a prática da caridade [...] Importante é que tenham pureza em seus corações. A fé é a maior alavanca … simplicidade, amor, caridade e principalmente humildade … Façam sempre suas orações pedindo orientação aos mestres espirituais”.

 

8.4. Humildade, amor fraterno e caridade


O Caboclo enfatizava que os médiuns devem cultivar sinceridade, moral elevada, amor entre irmãos e humildade. A prática da caridade, tanto em palavras quanto em ações, é o pilar da Umbanda:


“Amor de irmão para irmão … humildade, amor e caridade – esta é a nossa bandeira”

8.5. Proteção espiritual e vigilância


Alertava sobre os riscos de obsessores influenciando médiuns. Era necessária constante vigilância moral para não permitir inconsistências emocionais ou ações impróprias:

“É preciso estar sempre de prevenção contra os obsessores … É preciso haver moral para que a Umbanda progrida”


8.6. Uniforme branco e simplicidade ritualística


A adoção do uso de vestes brancas em algodão era orientada como símbolo de igualdade e pureza. O ritual devia ser simples: cânticos sem atabaques, defumação, oração — nada de sacrifício animal ou ostentação:


“O simples uniforme branco de algodão dos médiuns estabeleceria a igualdade de classes” [...] “O ritual sempre foi simples. Nunca foi permitido sacrifícios de animais. Não utilizavam atabaques … As guias usadas eram apenas as determinadas pelas entidades que se manifestavam”

 

9 - Adelaide Augusta Câmara - Aura Celeste


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Adelaide Augusta Câmara, conhecida como Aura Celeste, foi uma notável médium, educadora e escritora espírita brasileira, nascida em 1874, em Natal (RN), e desencarnada em 1944 no Rio de Janeiro. Chegou à capital em 1896 como protestante e lecionou no Colégio Ram Williams, depois fundando um curso primário em sua casa. Em 1898, iniciou sua mediunidade sob orientação de Bezerra de Menezes, destacando-se por suas faculdades múltiplas, como psicografia, audição, cura e até bilocação. Após um período afastada pela vida familiar, retornou aos trabalhos espirituais em 1920. Em 1927, fundou o Asilo Espírita João Evangelista, dedicando-se intensamente à assistência a órfãos e idosos. Poetisa e oradora, publicou diversas obras doutrinárias. Sua vida foi marcada pelo amor, humildade e serviço ao próximo, sendo lembrada como exemplo de fé e caridade.


Embora Aura Celeste não tenha deixado um manual específico para os médiuns, sua obra e exemplo de vida contêm ensinamentos indiretos às práticas mediúnicas. A seguir, são elencadas diretrizes inferidas a partir de suas posições e atitudes, confirmadas por estudiosos do Espiritismo:


9.1 - Especialização consciente


Recomendava que o médium atuasse dentro da sua faculdade natural. Aspirar a desenvolver todas as formas mediúnicas é uma forma de orgulho, e pode levar à instabilidade espiritual.


9.2 - Discernimento e análise crítica


O médium, por mais experiente, pode receber comunicações enganosas — e isso serve como exercício para treinamento do julgamento e da humildade.


9.3 - Elevada conduta moral


Qualidades como bondade, simplicidade, desprendimento e amor ao próximo atraem Espíritos benfeitores; orgulho, egoísmo e vaidade os afastam.


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9.4 - Estudo contínuo


Realçou a importância de o médium estudar — não apenas para compreensão das faculdades mediúnicas, mas também para expressar ideias complexas com clareza.


9.5 - Autoconhecimento e autovigilância


Fortalecer o senso de si mesmo ajuda o médium a distinguir entre o que é próprio e o que vem do plano espiritual. A dúvida construtiva e a reflexão são essenciais.


9.6 - Disciplina, paciência e humildade


O trabalho mediúnico requer perseverança: não é automática nem baseada em entusiasmo momentâneo. É necessário trabalhar de forma contínua e com propósito centrado no bem coletivo.


9.7 - Sintonia com os Espíritos superiores


Destacava que o médium deve estar em sintonia consciente com guias espirituais e manter práticas como passe, meditação e orações para manter a conexão fluida e protegida e inferido por analogia com princípios gerais.


10.João Nunes Maia - fundador do projeto social Pão e Livro e um dos precursores da Pomada Vovô Pedro


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 Orientações e ensinamentos psicografados por João Nunes Maia, sob a orientação espiritual do benfeitor Miramez a respeito da mediunidade:


1. Desenvolvimento consciente e responsabilidade


Miramez adverte que a mediunidade é uma faculdade natural, mas seu desenvolvimento precisa seguir uma sequência equilibrada. O médium não deve tentar exercer múltiplos dons simultaneamente, pois isso pode enfraquecer cada faculdade e causar desequilíbrio psicossomático. Deve-se escolher o dom mais compatível com sua missão espiritual e cultivá-lo com critério e foco.


2. Autenticidade e missão individual


É recomendado não copiar outros médiuns, nem desejar os dons alheios. Cada um deve descobrir sua própria mediunidade por meio da intuição e da entrega ao amor e ao serviço, sem ambição. Essa singela entrega torna o dom verdadeiro instrumento de auxílio e evolução.



Francisco Cândido Xavier e João Nunes Maia
Francisco Cândido Xavier e João Nunes Maia

3. Pensamento elevado e preparação mental


Antes de atuar, o médium deve pensar nas coisas do alto — valores espirituais, amor, caridade — e evitar concentrar-se no mundano ou no ego individual. O ambiente mental é fundamental para garantir clareza na comunicação e elevar as vibrações espirituais.




4. Disciplina, autoconhecimento e aprendizado


Miramez reforça que mediunidade traz responsabilidade. Exige disciplina, estudo constante e trabalho íntimo e de autoconhecimento para o amadurecimento moral e espiritual. O médium deve controlar suas emoções, manter vigilância contra vaidade e cultivar o amor universal para servir com humildade.


Livro Canção da Natureza pelo espírito Kahena pela psicografia de João Nunes Maia
Livro Canção da Natureza pelo espírito Kahena pela psicografia de João Nunes Maia

5. Uso da música e controle vibratório


No capítulo sobre música, ressalta-se que a mediunidade deve funcionar como uma sinfonia espiritual: o médium precisa aprimorar sua voz psicofônica, tornando-a um canal afinado e vibrante para as mensagens espirituais. O uso da música e da palavra devem ser feitos com sentimento, alegria e reverência.


6. Segurança mediúnica


Conforme ensinado em Segurança Mediúnica, houve alerta sobre evitar práticas violentas ou bruscas no desenvolvimento da mediunidade, sob pena de desequilíbrio e fadiga espiritual ou física. A atuação deve ser gradual, consciente e respeitando os próprios limites e condições do médium.


João Nunes Maia
João Nunes Maia

Uma proposta mediúnica fundamentada no equilíbrio, humildade, responsabilidade e amor cristão. O médium consciente, segundo Miramez e Nunes Maia, é aquele que atua com atenção à sua individualidade espiritual, reverência ao processo e foco no serviço ao próximo.







Referências:


BEZERRA DE MENEZES, Adolfo Bezerra de. Mensagens psicografadas nas obras Cartas do Coração, Veredas de Luz e Apelos Cristãos.

BEZERRA DE MENEZES, Adolfo Bezerra de. Cartas do Coração. In: XAVIER, Francisco Cândido (psicogr.). Espíritos diversos. Parte 1, capítulo 28: Mediunidade. In: Apelos Cristãos. In: Cano Caminho – Escritura do Espiritismo Cristão. Rio de Janeiro: UEM, 1986.

BEZERRA DE MENEZES, Adolfo Bezerra de. Tópicos da mediunidade. In: XAVIER, Francisco Cândido (psicogr.). Apelos Cristãos. Rio de Janeiro: UEM, 1986.

BEZERRA DE MENEZES, Adolfo Bezerra de. Participações em Nosso Livro; Relicário de Luz; entre outras coletâneas psicografadas por Chico Xavier. Rio de Janeiro: Federação Espírita Brasileira, diversos anos.

XAVIER, Francisco Cândido (psicogr. Emmanuel). Emmanuel: Dissertações mediúnicas sobre importantes questões que preocupam a humanidade. Rio de Janeiro: FEB, 1938.

FRANCO, Divaldo Pereira; TEIXEIRA, José Raul. Diretrizes de Segurança: um diálogo em torno das múltiplas questões da mediunidade. 7. ed. Niterói: Intervidas, 1999/2012. 256 p.

PEREIRA, Yvonne do Amaral. Memórias de um Suicida. Rio de Janeiro: FEB, 1955. 568 p.

PEREIRA, Yvonne do Amaral. Nas Telas do Infinito e Amor e Ódio. Rio de Janeiro: FEB, 1955/1956. Obras psicografadas sobre caridade, assistência espiritual e alívio emocional.

MORAES, Zélio Fernandino de. Descrito como o fundador da Umbanda, com atuação na criação da Tenda Espírita Nossa Senhora da Piedade em 1908 e fundação de outras tendas a partir de 1918. In: Aspectos Históricos da Umbanda – Zélio de Moraes.

FARIA, Aluan Gonçalves. Vale do Amanhecer: história de cultura e fé no Distrito Federal. Trabalho de Conclusão de Curso (Licenciatura em História) — Universidade de Brasília, Brasília, 2023. Estudo acadêmico sobre a trajetória de Neiva Chaves Zelaya e o Vale do Amanhecer.

NEIVA, Neiva Chaves Zelaya (Tia Neiva). Artigo “Tia Neiva”, in: Vale do Amanhecer. Wikipédia, 2025. Biografia resumida e contexto histórico da fundadora do movimento.

XAVIER, Francisco Cândido (psicogr. Emmanuel). Emmanuel: Dissertações mediúnicas sobre importantes questões que preocupam a humanidade. Rio de Janeiro: Federação Espírita Brasileira, 1938.

FRANCO, Divaldo Pereira; TEIXEIRA, José Raul. Diretrizes de Segurança: um diálogo em torno das múltiplas questões da mediunidade. 7. ed. Niterói: Intervidas, 1999/2012. 256 p.


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