No coração, onde mais importa construir
- Raul César

- 29 de ago.
- 9 min de leitura
Atualizado: 3 de set.
Da série inicial de vinte e um artigos:
- Texto 05 -

Para quem reveste o seu Coração com a Fé tudo pode ser conquistado, pois Ela é a Força motriz que vos impulsiona mais adiante no progresso espiritual.[1]

El Morya Khan[2]
No decurso da oficina cristã, naquela tarde de sol ardente, domingo de certo mormaço, mais um trabalho iniciou-se, desenvolveu-se e concretizou-se sob o amparo amoroso da Grande Fraternidade da Luz. E precisamos dizer o quão grande é esta equipe, nas muitas dimensões da atuação. Logo de início, não deixamos de notar um aumento significativo no número de irmãos a serem atendidos e de tantos outros a colaborarem no tratamento. Quando essas expansões de participações acontecem, é como se houvesse uma dilatação da aura coletiva, de forma que os corpos emocionais se tornam mais sensíveis a um atendimento numeroso.
O portal[3] de intensa luminosidade, aquele que havia sido aberto dias atrás, se ampliou em alcance, dando acesso a essa margem maior de tratamentos a todos. Um portal, vários corações, isto é suficiente para um trabalho feito com amor e dedicação, bastando somente a expansão ainda mais apurada desses elementos para acessarmos compreensões ainda maiores sobre as muitas formas de tratamento às pessoas, nas muitas realidades do mundo em que interagimos. Essa expansão faz-nos perceber que a comunicabilidade entre as realidades física e espiritual é algo constante e necessário, pois quanto mais se avança o bem aqui na Terra, mais fica perceptível para o coletivo a extensão inimaginável do bem no mundo espiritual.
Muitas colônias espirituais no Rio Grande do Norte foram criadas com propósitos de tratamentos, orientações, estudos, recuperação, trabalhos, etc. Tomemos o exemplo da colônia Lírios dos Vale[4] que, de acordo com o irmão Jansen Leiros (2013)[5], foi erguida com a intenção dos tratamentos às almas com histórico de grande sofrimento. Ainda de acordo com ele, sobre a estrutura da colônia, era:
“envolvida com uma luminosidade verde suave, lembrando aos que a visualizassem, tratar-se de ambiente, onde a saúde das almas era cuidada com base nos princípios terapêuticos da luz verde.” (2013, n.p).
A contemplação do extraordinário local de acolhimento e amparo fica evidente nas palavras do amigo, quando chega a dizer que se tratou de uma experiência fascinante para si, chegando ainda a afirmar que ver a colônia provoca “um fascínio sobre qualquer ser que por ali trafegue.” (2013, n.p)
Dentre os espíritos que estavam reencarnados em região próxima à nossa, ainda segundo Leiros (2013) dois deles eram Aquiles[6] e um dos seus leais amigos, que estava a procura daquele que era objeto de sua irmandade, sem saber da condição espiritual dificílima dele. Ambos foram encaminhados através das mãos operosas dos irmãos e irmãs do Lírios do Vale, sendo amparados com amor e fraternidade.
Um outro ponto que nos chama a atenção neste breve relato é a importância dada às cores nessa colônia, tendo em conta suas frequências e vibrações. A cor verde é considerada por muitos uma frequência associada ao equilíbrio e à saúde, o que parece ser muito o propósito deste lar de acolhimento.
Para que todas estas informações pudessem vir à tona, é justo encontremos irmãos devotados que possam se manter à disposição para intercambiar as orientações que provém das equipes no além, na busca por uma compreensão sempre mais abrangente e detalhada dos elementos que se apresentam aos quadros mentais e emocionais.
As projeções astrais conscientes, as psicofonias, as faculdades de cura, as psicografias, são resultados de muita dedicação, disciplina, estudo sério e aprofundamentos na caridade, humildade e no amor, sobretudo. No caso das psicofonias, narraremos uma experiência curiosa, a qual se deu em uma das tardes de atividade na Casa.
Na marcha dos minutos que se movimentavam rapidamente naquele domingo, o nosso Irmão, Guilhermino[7], que, desde o início da proposição da obra material de reconstrução do templo, estava na posição de arquiteto, dialogava, após alguns passes de limpeza e energização na sala de amparo ao lado, conversava, meio cabisbaixo e cansado, com o irmão coordenador da atividade naquela tarde, Nilo, na sala dos cuidados espirituais:
– Olha, meu irmão, eu venho aqui não somente para me tratar, mas para cumprir um propósito!... A coisa mais importante da minha vida, hoje, é ver esta casa pronta.
É como se o irmão já conseguisse antever toda a casa organizada em sua arquitetura material. Certamente que a atitude dele era louvável, porém, dada a situação emocional-espiritual em que se encontrava naquele instante, para evitar desarranjos emocionais, asseverou um outro servidor, - desencarnado - ao apontar:
— Reconhecemos as suas intenções louváveis diante do adiantamento da obra, porém, meu caro irmão, é preciso dizer que, dentro do trabalho cristão, não é bom que haja pressa para não acontecerem muitos embaraços, de qualquer ordem que sejam.
O amigo teceu algumas considerações adicionais sobre as vicissitudes que cabiam ser superadas no contexto mais pessoal da vida, e finalizou instruindo sobre a importância não somente de uma tenda material para que as pessoas pudessem frequentar, mas do soerguimento do templo interno, daquele bastião de luz que vem do coração do próprio ser e sustenta as maiores intempéries do porvir.
É evidente que essa lição alcança a todos os corações, pois nos tenciona a um aprofundamento na compreensão dos templos erguidos na consciência, sobre os parâmetros do Eterno e das coisas essenciais. O Ancião dos Dias[8] Já havia esclarecido:
“Portanto, todo aquele que ouve estas minhas palavras e as pratica será comparado ao homem prudente, que edificou sua casa sobre a rocha. Caiu a chuva, vieram as torrentes, sopraram os ventos; precipitaram-se contra aquela casa, mas não desabou, pois foi alicerçada sobre a rocha.”[9]
Em outras palavras, podemos facilmente entender que esta rocha, no domínio das coisas insondáveis, é a pedra filosofal que pode levar a edificação plena da reforma íntima, e depois, à reconstrução gradual da pureza total de espírito, e, por fim, ao primeiro degrau da escala infinita, que é a contemplação da imortalidade, a qual é uma lei para aqueles que vencem as más inclinações de forma completa.[10] É o firme fundamento de toda a Lei Divina ou Natural.
Mas voltemos a tarde de tratamentos. Por fim, a limpeza espiritual feita cuidou em tratar cada irmão com carinho e amor. A lição do final da tarde foi sobre a universalidade do amor aplicada ao trabalho no templo, superando qualquer noção de proselitismo que ainda poderia haver entre os encarnados. Um instrutor espiritual tomou a palavra e enfatizou, bondosamente:
— Meus filhos, este pronto socorro chama-se Casa dos Espíritos e não Casa dos Espíritas.
Complementavam os benfeitores, já ao fim daquele instante, sobre a importância da reconstrução mental da casa pela consciência da universalidade. Em outras palavras, poderíamos dizer que, em cada coração humano existe uma “Casa dos Espíritos”, isto é, um santuário da Luz Maior a ser edificado e mantido.
Quanto mais zelamos por este templo interior, mas ele se irradia externamente, quanto mais ampliamos o sentimento da compaixão, adornando com as peças douradas de compreensão, do perdão das ofensas, da mansidão e da humildade, mais robusta, bela e segura ela se torna, inclusive para poder acolher ainda mais pessoas.
Há, portanto, um processo de refazimento das estruturas espirituais através das nossas intenções, que sempre atravessam o mundo material até extrapolarem para o além, legitimando ou não um templo sagrado em cada coração. O intercâmbio é o estímulo sacralíssimo que nos convoca à reflexão e a organização de nossas encarnações.
O templo externo é o abrigo primoroso das intenções que se concentram, o corpo é o veículo abençoado de renovação, o espírito é a força liberta e operante para o bem, a Casa dos Espíritos de dentro é o lugar onde guardamos nossas intenções mais sublimes, nossos anseios mais nobres. Por isso, a habitação dos seres da Luz só se dá de forma mais plena em um templo interior munido de boa vontade, de fraternidade e humildade. O mestre orientou que ninguém se apegasse às coisas transitórias e externas,
“Pois, onde está teu tesouro, ali estará também o teu coração”[11].
Somos como habitações, aqui ou do outro lado da vida, somos como um Lírios do Vale, um Nosso Lar[12] ou um Templo da Paz[13], mas também podemos ser como um castelo de ilusões, de devaneios e incongruências. Somos o lugar que pensamos, que vibramos internamente.
A ideia de sermos templos poderia causar espanto em alguns, porém, bastando observar as lições atemporais de todos os mestres espirituais da humanidade, vemos o quanto esta assertiva tem amplo alcance. A orientação de Emmanuel é clara, quando diz que é notável que
“o Senhor desce da Altura, a fim de libertar o templo do coração humano para a sublimidade do amor e da luz, através da fraternidade, do amor e do conhecimento.” (Xavier, 1952, p. 55),
ou ainda quando refletimos mais detidamente sobre a simples pergunta de Paulo aos fiéis do templo da cidade grega de Corinto, quando indaga:
“Não sabeis vós que sois o templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós?"[14].
Templos que, quando formados da massa cristalina do evangelho, dão vida à manifestação do divino, projetando para o mundo a simplicidade, a clareza, a doçura, o bom humor, a generosidade, a fé e a sabedoria. É sempre no coração onde mais importa construir.
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Raul César
Equipe Cantinho dos Anciãos
Notas:
[1] Priscila Braga Pinto (1993, p. 31).
[2] Trata-se de um dos mestres ocultos da humanidade. Falamos de um espírito em condição de pureza e maestria, o qual é também denominado de “mestre ascencionado” por alguns grupos espiritualistas, tendo em conta o nível que ele alcançou.
[3] De modo simplificado – haja vista não ser nossa intenção aprofundar esse estudo agora – portais podem ser considerados como locais, instantes ou forças que detém um conjunto de frequências específicas (um endereço no cosmos) que conectam níveis de realidade que são estabelecidos a partir de uma intenção clara. Nestes locais/momentos, várias são as formas que configuram a paisagem e a expressão do fenômeno. Há portais com seres, formas e propósitos aos quais teríamos dificuldades até em tentar descrever. Às vezes, os portais trazem símbolos ou palavras que lhes ativam a manifestação e ampliação.
[4] Possivelmente está localizada há alguns quilômetros acima do Parque da Cidade Dom Nivaldo Monte, localizado no bairro Pitimbu, em Natal.
[5] Essas informações estão disponíveis no blog produzido por um antigo colaborador da Casa dos Espíritos, o irmão Jansen Leiros, atualmente desencarnado. Trata-se de um relato sonambúlico vivenciado por ele no dia 04 de julho de 2013.
[6] No texto épico, Ilíada, de Homero, foi o maior guerreiro. Foi considerado um herói para os antigos gregos.
[7] Pseudônimo.
[8] Assim como o profeta Daniel se referiu ao Senhor da Luz, quando o viu em desdobramento. Daniel (7:9-14).
[9] Mateus (7: 24-25). Dias (2016, p. 60).
[10] Pontuamos aqui que a expressão “imortalidade” não se refere ao fato de que existam seres que tendem a morrer definitivamente após sua criação pelas mãos guiadas dos alquimistas siderais, mas sim, a não morte como aquele estado em que o espírito já não precisa mais se submeter aos domínios da carne que morre, ou seja, o estado de libertação completa do ciclo das encarnações.
[11] Mateus (6:21). (2016, p. 57)
[12] Nosso Lar, colônia espiritual, ou também comunidade de transição, está situada acima do Umbral e abaixo das regiões superiores. Há uma certa homogeneidade evolutiva dos que habitam a região, ao menos até meados de 1950, é um lugar onde a beleza é sinônimo de harmonia dos homens com a natureza. A colônia é dividida em seis ministérios: Regeneração, local onde as energias espirituais são mais difíceis de serem trabalhadas, ou, como asseverou Lísias à André Luiz “zona de "Nosso Lar" onde há maior número de perturbações, dada a sintonia de muitos dos seus abrigados com os irmãos do Umbral. Numerosas multidões de espíritos desviados ali se encontram recolhidas. (Xavier, 1995)”; Auxílio, onde atividades de resgate e amparo aos sofredores é mais presente, nesta zona, “atende-se a doentes, ouvem-se rogativas, selecionam-se preces, preparam-se reencarnações terrenas, organizam-se turmas de socorro aos habitantes do Umbral, ou aos que choram na Terra, estudam-se soluções para todos os processos que se prendem ao sofrimento.”(Xavier, 1995); Esclarecimento, local voltado para o desenvolvimento dos conhecimentos em diferentes áreas, exigindo muita dedicação daqueles que estão à frente das instituições; Comunicação, nesta frente de trabalho, tudo era organizado e pensado na relação de comunicação das esferas superiores até o nosso Lar, e da própria colônia para a Terra, como asseverou André Luiz, lá os edifícios eram “consagrados ao trabalho informativo” (Xavier, 1995, p. 230); Elevação e União Divina, são os departamentos tidos como mais voltados a espiritualidade superior, as atividades com os planos maiores da existência. “Somente alguns conseguem atividade prolongada no Ministério da Elevação e raríssimos, em cada dez anos, os que alcançam intimidade nos trabalhos da União Divina.” (Xavier, 1995, P. 66). Essa configuração dos ministérios, notadamente, forma uma verdadeira geometria sagrada. Uma estrela hexagonal, com dois triângulos em posições opostas e sobrepostos um ao outro, semelhante àquela forma anunciada como “Estrela de Davi”. A tônica desta comunidade espiritual é o desenvolvimento do trabalho, do fomento aos espíritos operosos em construção. (Xavier, 1995).
[13] Santuário de Amor e Luz erguido sobre o estado do Rio Grande do Norte, erguido e orientado por Agostinho de Hipona. Trata-se de uma construção grandiosa, com muitas salas e departamentos internos, com locais para tratamentos e para estudos de variadas matrizes do conhecimento evangélico. É um centro de orientação espiritual para o estado do Rio Grande do Norte.
[14] Paulo (I Coríntios, 3:16).
Referências:
DIAS, Haroldo Dutra. O Novo Testamento. 1° ed. Brasília: FEB, 2016.
LEIROS, Jansen. A Colônia dos Lírios do Vale. In: Casa dos Espíritos - Pronto Socorro Espiritual. [S. l.], 4 jul. 2013. Disponível em: https://casadosespiritosnatal.blogspot.com/2013/07/colonia-dos-lirios-do-vale.html. Acesso em: 29 ago. 2025.
PINTO, Priscila Braga Cardoso. O Eu sou de cada um. 1° ed. São Paulo: Roca, 1993.
XAVIER, F. C. Roteiro. Ditado pelo espírito de Emmanuel. 5 ed. Rio de Janeiro: FEB, 1952.
XAVIER, F. C. Nosso Lar. 43° ed. Brasília: FEB, 1995.




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